29 de setembro de 2004

Uma forte carta aberta aos bispos portugueses, do Miguel Marujo, a propósito do concubinato da Igreja local com o regime de ditabranda que governa a Região Autónoma da Madeira; a importância da memória dos momentos de alegria para desentupir as veias e o colesterol que se atravessa no caminho do bem, por Fernando Macedo; uma confissão pública do José, que tenta explicar por que não consegue ser de esquerda; a segunda parte de como Timshel imagina Deus; e eu às voltas com a necessidade do Céu e do Inferno.
É a Terra da Alegria.

28 de setembro de 2004

ηολτα, φοσώ. Εστάσ περδοαδο.

24 de setembro de 2004

livro (do riso) amarelo

Acompanho uma amiga a um consultório médico, numa clínica privada. A consulta estava marcada para as 17:00 horas. Às 17:30 h. o médico telefona para a clínica a informar que está atrasado (informação inútil, uma vez que já toda a gente na sala de espera tinha reparado nesse facto) e sugere que os pacientes vão tomar um cafezinho e apanhar ar.
Entretanto, o tempo – esse grande estupor escultor – vai passando.

17:45 horas. Esperamos no café.
18:00 horas. Leio o Público: o Calvin; o Bartoon; o PS; os artigos do Sousa Tavares e do Prado Coelho. Bebo um café.
18:25 horas. Peço uma água. Leio o Público (o Y): Nick Cave; A Vila, de M. Night Shyamalan. Dispenso o artigo sobre o novo filme do Kusturica, estou farto daquelas palhaçadas sem sentido.
18:45 horas. Ainda o Y: Indie Lisboa.
19:00 horas. Y: Entrevista a John Cooper, programador do Festival de Sundance.
19:15. Saio do café. Regressamos à clínica.
19:20. Huuummm... Parece que o senhor doutor está quase a chegar...
19:30.
19:45.
20:00 horas (e com isto atinge-se o recorde olímpico de 3 horas de atraso).
20:09 horas: alegria! Chegou o senhor doutor!
A partir daqui é só seguir a ordem de marcação das consultas. Tendo a primeira sido marcada para as 16:00 horas, gastamos algum tempo a fazer contas para tentar prever a hora em que vai ser realizada a consulta. Cerca das 20:15 h. fazemos apostas.
20:58 horas. Perco a aposta. A minha amiga sai da sala antes das 21:00 horas, graças ao esforço do senhor doutor em não demorar tempo demasiado com cada consulta.

Uma vez que tudo isto se passa num consultório privado, onde os pacientes estão bem instalados, aguardando numa confortável e acolhedora sala de espera, sentados em cadeiras de escritório (à venda no Continente, por altura da inauguração do ano lectivo ou da abertura das escolas ou da colocação dos professores ou do início das aulas ou lá o que é), numa temperatura tropical, sem o incómodo dos aparelhos de ar condicionado, com uma televisão ligada na SIC e em que ninguém se pode queixar de não ouvir bem o que por lá se diz (não há especialidade em otorrinolaringologia na clínica), e com a possibilidade de ler revistas com programação de televisão ou sobre aparelhos de ginástica e musculação (todas datadas de Maio ou Junho de 2004), ninguém reclama muito do facto do senhor doutor chegar atrasadito. Para mais, o senhor doutor apressou-se a atirar um «peço desculpa» para as paredes da sala, tendo explicado à minha amiga que se tinha... atrasado.
Tivesse semelhante coisa acontecido num hospital público e logo o aborrecimento se tinha transformado em invectivas neo-liberais (embora de cariz popular) contra a gritante ineficiência de todos os serviços públicos (o que não acontece no privado), a mais que provada incompetência de todos os funcionários públicos (o que não acontece no privado), as cunhas (que o privado não tem), os compadrios (que o privado não tem) ou as listas de espera (que o privado não tem), a preguiça do funcionário (o que não acontece no privado) que, em vez de fingir que é um super-homem, dá atenção ao que lhe diz o colega que faz uma pausa, porque tem o dele certo ao fim do mês, a falta de respeito para com quem paga (o que não acontece no privado) impostos e está doente e se vê obrigado a recorrer à inépcia do sistema público, para onde só quem arranja emprego são os indolentes ou os mal educados.
Assim não. Como tudo se passou na eficiência e qualidade que os privados sempre oferecem (ou vendem...), no melhor dos mundos que só o mercado totalmente livre das obtusas regras do Estado pode garantir, neste paraíso de virtudes que são todos os serviços privados, não houve a mínima reclamação. Viva o futuro! Quer factura?

23 de setembro de 2004

o que é feito das bandeirinhas do patri(di)otismo?

Leio no povo de bahá: «Carlos Ferreira, atleta português paralímpico, medalha de prata nos 10 mil metros na categoria de T11 (cegos totais); conseguiu também o recorde europeu.
Quem é que ainda tem uma bandeira na janela?
».

E será que o Jorge Sampaio chorou?

22 de setembro de 2004

interesses privados

A COMPTA é uma empresa privada que desenvolveu a aplicação informática para colocação de professores. A aplicação devia ter sido concluída em Junho de 2004, mas passados três meses o programa ainda não funciona e o Ministério da Educação vai substituir o sistema informático de colocação de docentes por um método manual.
A COMPTA é administrada pelo ex-Ministro da Educação do PPD/PSD, Couto dos Santos, e por Rui Machete, também dirigente do PPD/PSD, partido esse que é o maior responsável pelo estado da Educação neste país.

Mas também há boas iniciativas privadas que, à semelhança da maior parte dos serviços públicos, funcionam bem. Uma delas é a Terra da Alegria. A ler, porque hoje é quarta-feira.

20 de setembro de 2004

há monstros em cima da cama

Estreou na Alemanha o novo filme do realizador Oliver Hirschbiegel, autor do excelente filme A ExperiênciaDas Experiment»), baseado no romance de Mario Giordano, «Black Box», que por sua vez foi inspirado no projecto da Experiência da Prisão de Stanford, e que, entre outros prémios, ganhou o Prémio Especial do Júri do Fantasporto de 2002. A Experiência é um filme soberbo, uma incursão no mais íntimo da pessoa humana: são observados à lupa o medo, as relações de poder, a liberdade, a dignidade humana.
Desta vez, Hirschbiegel mostra o percurso dos últimos dias de Adolf Hitler, no filme «Der Untergang» («O Crepúsculo»), que está a comover e a agitar a Alemanha. Neste filme, o realizador mostra o "lado humano" do ditador. Mas que digo eu? Melhor dizendo, neste filme, o realizador mostra a persona do ditador.
É mesmo essa a intenção do autor. Diz Hirschbiegel que «o perigo é o de reduzir este homem a um monstro ou criar um mito saído de uma personagem de banda desenhada. É um insulto às vítimas querer que ele não tenha sido um ser humano, o que significaria que então que ele teria sido um demónio fundado sobre o povo alemão ou um maníaco incapaz de assumir a responsabilidade dos seus actos. Ora ele sabia exactamente o que ele fazia em cada momento da sua vida e, com ele, todos os que o seguiam, o que representa uma grande parte da sociedade alemã. É somente mostrando Hitler como ser humano que fazemos justiça às vítimas».
Não pensar
Como já tive oportunidade de escrever na minha Terra preferida, a rotulagem dos autores de actos de maldade, por mais bárbaros e cruéis que sejam, tem o inconveniente não apenas de fazer esquecer as causas mais profundas que estão na origem dos actos de terrorismo ou dos crimes contra a humanidade, mas também de rejeitar a evidência de que a natureza humana é uma realidade complexa e que o bem e o mal fazem parte de nós. Apelidar de desumanas todas as manifestações do mal e de monstros os seus autores, é remetê-los para uma esfera externa à humanidade, de que nós (os "bonzinhos") estaríamos a salvo pela nossa intrínseca bondade natural. Eles, os "maus", fizeram e fazem os actos que repudiamos e que nos levam a julgar e condenar facilmente os seus autores. Com demasiada leviandade, para fugir à questão que não queremos enfrentar.
Quantos de nós podemos assegurar, por exemplo, que, nas mesmas circunstâncias (o tempo, o lugar, a educação, etc.), não seríamos apoiantes de Hitler na Alemanha dos anos 30? Quantos de nós não seríamos apoiantes desse monstro desumano? Ou, num qualquer país do Médio Oriente, nascidos numa família muçulmana, quantos não seríamos seduzidos pelos cânticos paradisíacos do Hamas?
Não ver
Se pensarmos em situações mais comezinhas, talvez tenhamos menos certezas (e a certeza é inimiga do pensamento). Como refere o meu amigo Timóteo Shel, a propósito da honestidade de Daniel Oliveira, ao dizer que concorda com algumas decisões de Bagão Félix, em contraponto com Pedro Adão e Silva, que continua a «a disparar cegamente a torto e a direito em tudo o que Bagão faz», há uma «diferença entre um novo modo de fazer política, em que se reconhece o que é certo e o que está errado, e a velha maneira de fazer política em que tudo o que o partido adversário faz é mau e tudo o que nós fazemos é bom (e) encontra-se aqui retratada com uma nitidez impressionante. A diferença entre a inteligência e o sectarismo. Salvo meia dúzia de fanáticos, poucas pessoas considerarão que o partido em que votam está sempre certo e os outros sempre errados». Ora, neste último ponto, não concordo com o Timóteo Shel. Não me parece que sejam apenas «meia dúzia de fanáticos». Se pensarmos bem nos politiquinhos profissionais que conhecemos (em especial dos profissionaizinhos da política, essa gente parasita que vive das intrigas, do servilismo, abutres à espera de oportunidade, usurários da ganância dos outros, capazes de tudo por subir mais um degrau na escada partidária e das benesses que o partido lhes dá), nos militantes dos partidos políticos, nos indefectíveis da sua associação / agência de empregos, vemos que são um pouco mais que meia dúzia. A luta política resume-se aqui à defesa clubística do seu partido, alheia às convicções, aos valores, à ética ou a qualquer arremedo de pensamento.
Só neste meio (e poderia falar de outros, onde haja um qualquer poder a exercer), conheço demasiados potenciais Hitlerzinhos (e talvez, noutras circunstâncias, eu próprio seja um), a quem só falta o poder desmedido para lhes potenciar as pequenas crueldades que já fazem no uso dos ridículos poderes em que estão investidos.
Não ouvir
Mas nós, os bonzinhos, nada temos a ver com esta gente. Nós somos sensíveis, apreciamos arte, fazemos festas às crianças e repugnamo-nos com as imagens de sangue nos telejornais. O Hitler era um monstro. Desumano. Mas. «Podia ser muito charmoso com as mulheres, e tender a ser terno com as crianças», diz Hirschbiegel. «Tinha uma vontade enorme, ao mesmo tempo que tinha um espantoso e incondicional desejo de destruir. A minha contribuição é a de poder suscitar novas questões. Colocá-las não quer dizer que o minimize como homem, que tenha dele uma nova leitura, que o represente de uma forma simpática. É um absurdo total. Se a acharem como simpática, é porque não ouvem».

15 de setembro de 2004

terra nova

Funerais, Madeira, pecado original, boas intenções e outros animais na Terra da Alegria.

14 de setembro de 2004

mais portugal profundo

O blog do portugal profundo continua a publicação de peças processuais constantes nos autos do processo da Casa Pia, o que faz «em nome do interesse nacional e da democracia, com o objectivo de suster as sistemáticas e variadas tentativas de golpe palaciano sobre a independência do poder judicial orquestradas pela rede pedófila de controlo do Estado». Estão editados extractos da acusação do Ministério Público, da autoria dos procuradores Cristina Faleiro, Paula Soares e João Guerra da 2ª Secção do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) do Distrito Judicial de Lisboa, bem como de depoimentos de testemunhas, extraídos dos autos de inquirição.
O processo tem julgamento marcado (conforme foi noticiado na comunicação social), encontrando-se todavia pendente o recurso do Ministério Público sobre a não-pronúncia de Paulo Pedroso (e Herman José e Francisco Alves) pela juíza de instrução Ana de Barros Queiroz Teixeira e Silva, cujo texto também se pode ler naquele blog.

A publicidade que entendo fazer às peças processuais que o portugal profundo tem publicado deve-se ao facto pouco ter lido na comunicação social sobre o conteúdo das mesmas.
Parecem-me reprováveis algumas das atitudes de alguns elementos do MP em todo este processo: o afã judicialista de alguns procuradores, os métodos pouco claros de manipulação da opinião pública, através das fugas a conta-gotas de informações do inquérito, e talvez a orquestração de meios para construir cenários de filme onde não exista mais que um fraco enredo. Mas a verdade (alguma da verdade) é que do lado da defesa praticou-se tudo isso e muito mais (e com mais e melhores meios): falsos sósias, comunicação social cor-de-rosa a chorar o sofrimento dos detidos e das suas famílias sem se referir à razão da sua detenção, encenação ridícula de louvores à liberdade em espaços de soberania, recurso a expedientes dilatórios, manipulação dos media para fazer desacreditar juizes e vítimas, publicação de material roubado, etc.
Este blog não é um espaço de jornalismo, nem eu sou jornalista, pelo que me reservo o direito de publicitar apenas um dos lados da realidade de comento. Ainda que não tenha opinião formada sobre os acusados ou outros envolvidos no caso Casa Pia - espero que a lenta justiça portuguesa cumpra o seu papel -, e seja irrelevante o que penso da culpabilidade dos ainda detidos, não partilho do entendimento de quem, como o meu amigo Miguel Marujo, quando refere, por exemplo (num comentário a um post destas Partículas) «as cassetes que implicaram de forma nojenta Ferro Rodrigues no caso». Eu não conheço o Ferro Rodrigues e, embora me aproxime politicamente dele (é das figuras do PS por quem tenho mais afinidade ideológica), nada sei da sua vida privada. Por isso, não sei se o Ferro Rodrigues, o Paulo Pedroso, o Herman José, o Carlos Cruz ou mesmo o Carlos Silvino praticaram alguma vez na sua vida actos sexuais com menores. Pela mesma razão, não sei se a sua "implicação" no caso Casa Pia é legítima ou não. O que sei é que conheço bem melhor os argumentos da defesa dos arguidos do que os factos da acusação. Talvez a culpa seja minha, por estar desatento à comunicação social ou por dar demasiada atenção às revistas e publicações menos "sérias". Mas - simplificando demasiado o problema - vejo como mais grave a violação das crianças do que a do segredo de justiça. Creio mesmo que o segredo de justiça se verga face a muitos outros interesses. Como, aliás, é a opinião do Ferro Rodrigues.

13 de setembro de 2004

poema dedicado às pessoas sensíveis, que se chocam com as imagens que ilustram a posição que defendem no assunto que discutem

«As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas

O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra

"Ganharás o pão com o suor do teu rosto"
Assim nos foi imposto
E não:
"Com o suor dos outros ganharás o pão".

Ó vendilhões do templo
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito

Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem.»

Sophia de Mello Breyner Andresen

10 de setembro de 2004

adivinha

- O que é que o Paulo Portas tem em comum com as mães de Bragança?
- Ambas pensam que, se as estrangeiras se forem embora, o problema desaparece.

repostagem de esquerda, a propósito da nossa Terra

Partilho outros católicos (o José, Timóteo Shel, o Zé Maria, por exemplo) a admiração católica pelos comunistas, pela sua honestidade, pela dignidade de homens que lutaram toda uma vida por um ideal que os transcende. Experimento com eles a angústia do silêncio de Deus e, como o José, estou certo que são amados pelo Deus que não reconhecem, mas que abençoa sempre os que têm sede de Justiça.
Respeito e admiro a abnegação do passado de luta comunista por um mundo novo, o sofrimento que os comunistas aceitaram tomar como seu, a vida em clandestinidade no tempo opressor da ditadura, o espírito de missão com que enfrentaram o medo e a adversidade, o sacrifício das suas vidas pessoais e familiares. Prezo a coragem com que enfrentaram os perigos, as perseguições que foram vítimas, as prisões, as torturas, as mortes.
Devemos ao PCP e à sua luta de décadas a liberdade que hoje usufruímos como povo. Mais. Integra o nosso património colectivo, enquanto nação, a luta dos comunistas pela liberdade contra a opressão, pela democracia contra a ditadura, pela justiça social contra as desigualdades. Em prol dos mais fracos, dos pequenos, dos pobres, dos desprotegidos. Em suma, do bem comum.
Já aqui o disse: é devido à minha formação católica e identificação com a Doutrina Social da Igreja que me revejo nos ideais da Esquerda - na indignação perante a injustiça do mundo, no combate contra as exclusões, na sede de liberdade, de igualdade, de fraternidade. Acredito, ao contrário da Direita (mesmos dos cristãos de Direita), que o papel da política, de todos nós, cidadãos (e cristãos) empenhados, é o de tentar transformar o mundo. Não apenas de administrar as desigualdades e de resignar-se com a desordem das coisas.
Na fé que procuro alcançar, o Reino de Deus é uma utopia de libertação absoluta, cuja exigência foi paga por Jesus com a morte. A conversão de cada um implica uma radical mudança do modo de pensar e de agir no sentido de Deus, na construção de uma nova ordem, de um novo sentido de vida que responda aos anseios mais profundos do homem. É o credo último que define todos os cristãos: a fé na ressurreição.
Tal como aos comunistas, também aos católicos se exige o impossível: uma vida impoluta, o trabalho sem cansaço, uma fé sem desânimo, a infalibilidade, a perfeição, a santidade. Aos outros, os que aceitam e se calam perante a injustiça do mundo, os calculistas que tiram dividendos das desigualdades sociais, os que se abrigam no conforto da indiferença, tudo é perdoado: no fundo, eles é que são coerentes na sua praxis.

8 de setembro de 2004

«A missa rezada em capela escusa, neste verão fechado em nevoeiros»

Ruy Belo

7 de setembro de 2004

eles vivem

O blog Casal Gay chama a atenção para uma distinção importante na contagem do tempo de gravidez. Não é aqui que reside a divergência entre os defensores da liberalização do aborto e os que - como eu - se lhe opõem, mas, para quem faz depender a sua anuência à despenalização do aborto ao tempo de gestação, a idade do feto é determinante para a admissibilidade da prática do aborto.
Para os defensores da despenalização do aborto, torna-se essencial estabelecer um limite, uma fronteira, entre os momentos em que se pode (é legítimo e não deve ser punível) praticar um aborto e em que tal já não é admissível - sabendo nós que esse limite vai ser sempre contestado e violado. Por essa razão, todas as leis, mesmo as mais permissivas, estabelecem um limite temporal (em regra entre as 10 e as 12 semanas).

O chamado "tempo de gravidez" conta-se a partir do início do último ciclo menstrual da mulher. Este tempo pode ou não coincidir com a concepção, sendo que, uma vez que um ciclo menstrual tem cerca de 28 dias, a fecundação nunca acontece para além de duas semanas após o início do "tempo de gravidez". Mas, na realidade, a mulher não está grávida antes da concepção (da fecundação do óvulo pelo espermatozóide), pelo que quando os médicos se referem a x dias de gravidez se reportam ao "tempo de concepção".Claro que numa contagem de semanas ou meses (menos precisa), o "tempo de gravidez" reporta-se ao último ciclo menstrual.
No entanto, esta questão é lateral. É sabido que se fazem muitos abortos às 16 semanas. Se o tal limite for, por exemplo, as 12 semanas (como era proposto pelo referendo), concordam os pró-escolha que uma mulher que aborte às 16 semanas (seja de gravidez ou de concepção) deva ser punida? Ou não? E porquê?E se abortar às 13 semanas? E às 12 semanas e 3 dias?

Seguindo o conselho do Casal Gay - que pôs em causa a idade dos fetos do post do que se fala quando se fala de aborto -, publicam-se links para imagens de ecografias a 3 dimensões, do site Amazing Pregnancy, com referência à idade do feto (vivo):
- 8 semanas depois da concepção;
- 8 semanas e 4 dias depois da concepção;
- 9 semanas;
- 12 semanas;
- 16 semanas; e
- 21 semanas.

Mais dados em Pregnancy Calendar.

6 de setembro de 2004

finalmente, a retoma

A Terra da Alegria voltou, para «tornar os homens capazes de edificar rectamente a ordem temporal e de a ordenar, por Cristo, para Deus». Queiram eles ou não.

1 de setembro de 2004

do que se fala quando se fala de aborto


Ela fez um aborto! Que bom para ela! Afinal, o corpo era dela… E estas “coisas”, extraídas do corpo dela, o que serão? Será matéria inanimada? Huuummm... Terá vida? Talvez tivesse vida... Mas não é humana, de certeza (deviam ser vegetais a crescer no seu útero: ainda bem que ela fez o aborto!).

E quando é que a menina fez o aborto?


Terá sido logo às 8 semanas? Ou às 9 semanas?

Às 11 semanas?

Às 16 semanas? Às 21 semanas?

E que método terá sido utilizado?

Sucção?

Solução salínica? Desmembramento?

E onde foi feito esse acto heróico?
Numa parteira?

Ou numa clínica?

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