repostagem de esquerda, a propósito da nossa Terra
Partilho outros católicos (o José, Timóteo Shel, o Zé Maria, por exemplo) a admiração católica pelos comunistas, pela sua honestidade, pela dignidade de homens que lutaram toda uma vida por um ideal que os transcende. Experimento com eles a angústia do silêncio de Deus e, como o José, estou certo que são amados pelo Deus que não reconhecem, mas que abençoa sempre os que têm sede de Justiça.
Respeito e admiro a abnegação do passado de luta comunista por um mundo novo, o sofrimento que os comunistas aceitaram tomar como seu, a vida em clandestinidade no tempo opressor da ditadura, o espírito de missão com que enfrentaram o medo e a adversidade, o sacrifício das suas vidas pessoais e familiares. Prezo a coragem com que enfrentaram os perigos, as perseguições que foram vítimas, as prisões, as torturas, as mortes.
Devemos ao PCP e à sua luta de décadas a liberdade que hoje usufruímos como povo. Mais. Integra o nosso património colectivo, enquanto nação, a luta dos comunistas pela liberdade contra a opressão, pela democracia contra a ditadura, pela justiça social contra as desigualdades. Em prol dos mais fracos, dos pequenos, dos pobres, dos desprotegidos. Em suma, do bem comum.
Já aqui o disse: é devido à minha formação católica e identificação com a Doutrina Social da Igreja que me revejo nos ideais da Esquerda - na indignação perante a injustiça do mundo, no combate contra as exclusões, na sede de liberdade, de igualdade, de fraternidade. Acredito, ao contrário da Direita (mesmos dos cristãos de Direita), que o papel da política, de todos nós, cidadãos (e cristãos) empenhados, é o de tentar transformar o mundo. Não apenas de administrar as desigualdades e de resignar-se com a desordem das coisas.
Na fé que procuro alcançar, o Reino de Deus é uma utopia de libertação absoluta, cuja exigência foi paga por Jesus com a morte. A conversão de cada um implica uma radical mudança do modo de pensar e de agir no sentido de Deus, na construção de uma nova ordem, de um novo sentido de vida que responda aos anseios mais profundos do homem. É o credo último que define todos os cristãos: a fé na ressurreição.
Tal como aos comunistas, também aos católicos se exige o impossível: uma vida impoluta, o trabalho sem cansaço, uma fé sem desânimo, a infalibilidade, a perfeição, a santidade. Aos outros, os que aceitam e se calam perante a injustiça do mundo, os calculistas que tiram dividendos das desigualdades sociais, os que se abrigam no conforto da indiferença, tudo é perdoado: no fundo, eles é que são coerentes na sua praxis.
5 Comments:
Caro,
Também acredito que a nossa missão seja transformar o mundo, num mundo melhor.
Sendo católico de fé e liberal de ideologia (direita dirão, tanto me faz), não creio, tirandos as pessoas idelógicamente conservadores, que se aceite o mundo como é e que se deseje tão só adminsitrar as desiguldades e resiganr-se a desordem das cosias.
Felizmente existe a diversidade e a liberdade, pelo que creio sinceramente que não existe solução única na via para transformar o mundo. Daí que seja aceitável a existência de pessoas movidas pela fé que se empenham e tem ideologias tão diversas como o comunismo, a social-democracia, a democracia-cristã, o liberalismo, o fascimo, o conservadorismo, etc, com uma mesma fé.
Ou seja, o que não posso aceitar é que se restrinja a "compatibilidade" do catolicismo a uma única ideologia.
Ao contrário dos católicos indicados, não partilho qualquer admiração pelo comunismo. Pelo contrário. entendo ser um sistema ideológico nocivo da dignidade humana e cuja tentativa de aplicação prática foi (e é infelizmente ainda para mais de 1/4 da humanidade) um desastre absoluto.
Não vejo que o comunismo tenha sede de justiça, mas sim de vingança. Já para não falar de misercórdia/amor pelo próximo.
Numa coisa concordo. O seu passado de luta contra a opressão e a ditadura. Toda a abenegação e sofrimento porque passaram são impressionantes do ponto de vista humano.
Mas já não posso de todo concordar que a eles se deva a demcoracia que temos nem a liberdade, uma vez que o seu proposito nunca foi esse. Basta conhecer minimamente a historia do PCP para se saber que nunca eles defenderam a democracia e a liberdade. Nem hoje. Sempre pretenderam e pretendem ainda instalar um sistema político baseado na ditadura do proletariado. A única alteração significativa que se deu nas últimas décadas, foi que a partir de 1975 aceitaram agir politicamente no quadro de uma democracia parlamentar. Mas os objectivos finais permanecem. Basta ler o programa do partido.
Excelentes livros,de facto.
Lembro-me bem da primeira vez que li o Monsenhor.
Quanto ao Guareschi e os seus 3 (ou 4?) livros do Don Camilo, são absolutamente geniais e recordo-me de muitos verões, na praia, lá pelos 13/15 anos a deliciar as meninas, lendo em voz alta...
Mas isso em nada altera o que escrevi. Quem se julga comunista naturalmente pode ter bom coração e ser bem intecionado. Era só que faltava que assim não acontecesse. Mas a ideologia é profundamente errada. E a sociedade que pretendem construir é opositora da liberdade.
Li este post com muito, muito, agrado: a lucidez da escrita sobre o que a sociedade civil deve aos militantes do PCP é quase sempre ultrapassada pelo ódio a esta ideologia política.
Os meu mais sinceros parabéns por ter, uma forma tão simples, ligado catolicismo ao comunismo. Pela beleza do texto vou, se não houver nada contra, plagiá-lo no meu blogue.
Ha muito tempo que nao lia tanto disparate! Ou nao conhece a Doutrina da Igreja ou desconhece que o Marxismo e uma realidade transcendente que implica a nao existencia da divindade de Cristo! O Senhor deveria ter mais cuidado com o que diz! Deveria ter vergonha de seus dislates! Qualquer incauto ou ignorante podera fazer fe na idiotia que profere!
Ja percebeu o que esta a dizer? Que tanto uma coisa e verdadeira como o seu contrario, o que e uma impossibilidade logica! Ou acredita em Jesus como ser Transcendente (fundamental para ser catolico!!!), ou acredita no materialismo historico!
V.Exa so pode estar confusa...
Enviar um comentário
<< Home