3 de maio de 2009

taumaturgo next door

Ontem, num qualquer telejornal da noite, foi anunciada uma nova espécie ontológica: a criação da tradição. Não se trata apenas de recuarmos no tempo, com a ajuda de um Hubble histórico ou social, e observarmos os primórdios de um uso que mais tarde se viria a consolidar e perpetuar nas futuras gerações. É mesmo, com a cansativa determinação da ignorância iluminista, dar início consciente a uma prática.
Para os nossos contemporâneos, não importa o significado de coisas, quer das palavras (que, no caso, significa transmissão, entrega), quer dos conceitos (e traditio intima a passagem colectiva, de geração em geração, de lendas, valores, costumes ou modos de fazer algo, que se perde no tempo). Para jornaleiros, autarcas e comunicadores sociais, pode programar-se uma tradição.
É o que fez a Câmara Municipal de Cascais: organizou um concurso para a criação de "um novo doce tradicional". Ganhou o concurso o bolo D. Carlos que hoje, ou na próxima terça-feira, pelas 16h45, num qualquer gabinete do nosso querido poder local, será objecto de despacho superior, que determinará administrativamente a sua tradicionalidade.

3 comentários:

  1. Será que o bolo D.Carlos é uma Espécie de bolo "rei", mas sem buraco?

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  2. Parece-me que a coisa

    tem buraco

    e muito fundo

    Ponham-se a pau

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  3. Com perdão do autor.
    Ó Puma, és meu amigo ou és monárquico?!
    Afinal tem ou não tem buraco?

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