3 de agosto de 2004

Raduan Nassar

Devo a uma amiga, a Sara, a minha Secretária de Estado pessoal para os Livros, a descoberta do escritor brasileiro Raduan Nassar, graças a quem ultrapassei o meu preconceito para com a literatura brasileira e que me desvelou o olhar para um universo literário que, injusta mas conscientemente, eu ignorava.
Raduan Nassar abandonou a escrita depois da criação de três obras ímpares na literatura lusófona - e dedicou-se à avicultura. (Apenas publicou dois romances, Lavoura Arcaica, em 1975, e Um Copo de Cólera, em 1978 publicados em Portugal pela Relógio d'Água); e um livro de contos, Menina A Caminho, em 1994 (editado pela Cotovia).
A inteligente escrita de Nassar é uma bomba de poesia em forma de prosa. A leitura e releitura dos textos de Nassar é uma contínua revelação, como há poucas na vida de um pobre leitor. É um encantamento com as palavras, com cada palavra, com o exacto lugar de cada palavra, com o cuidado com que cada palavra é depositada, como uma semente, numa conversa ou num texto.
Depois de, pela primeira vez, ler Raduan Nassar, resignei-me definitivamente à minha condição de leitor e caíram por terra quaisquer aspirações, por mais humildes que fossem, de vir a escrever algo que considerasse ser literatura.
Ficam aqui dois contos para incentivar a leitura dos romances de Nassar e para subverter o conceito de "literatura de férias": Hoje de Madrugada (agradeço-te mais uma vez, Sara, por me teres obrigado a ler este conto numa livraria) e O Ventre Seco, ambos escritos em 1970.

2 Comments:

Blogger Sofia Garcia said...

Também vais deslocalizar a secretária para algum sítio? talvez um posto permanente na FNAC para estar a par de novidades literárias?

Estou piurça que a 100 páginas de acabar de ler "eu casei-me com um comunista" (que é, por sinal, muito bom e uma boa introdução ao Roth) perdi o livro. Capa vermelha e negra como manda o figurino. Se o encontrarem perdido por aí (última vez visto nos jardins da gulbekien) contactem-me. Não se dão alvíssaras mas posso mostrar gratidão de outras forma, por exemplo, emprestar alguns Cd's, que no mundo bloguístico é o meu métier.

Da facção literária brasuca ainda só vou na Patrícia Melo e Rubem Fonseca. Gosto mais da Patrícia, não consigo ultrapassar o facto de todas as mulheres nos contos de Rubem sejam fracas, idiotas ou putas (pode-se dizer isto não?). O homem é um pouco amargo quanto ao fair sex, e sendo eu parte integrante do fair sex acho que ele está mal informado. Mas preocupa-me que os escritores brasileiros sejam os novos...hm... se estivéssemos há 200 anos atrás seriam os novos russos.

Ah CC isto é uma libertação. No meu blog falo pouco de livros e aqui encontro um espaço em forma de comentário nonsense para discorrer sobre o tema. Considera isto um postcom.

4 de agosto de 2004 às 16:16  
Blogger Sofia Garcia said...

CDs . coitado ali os Cd's não são de ninguém. e acho que o jardim também está mal escrito.

4 de agosto de 2004 às 16:19  

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