27 de agosto de 2004

nova criação

Uma empregada de limpeza do Tate Gallery, em Londres, deitou, por erro, para o lixo uma peça que integrava uma exposição de arte moderna" (ver imagem aqui).
A obra de arte, lindíssima, da autoria do alemão Gustav Metzger, intitula-se Nova criação da apresentação pública de uma arte auto-destrutiva, e foi criada em 1960, provavelmente depois de vários meses de reflexão (que deram origem a vários manifestos de exíguo vocabulário), e de execução prolongada no tempo.
A empregada de limpeza, interagindo (embora abusivamente) com a peça, tornou-a definitiva, transformando-a na expressão suprema e mais pura da pop art, da arte povera ou desta arte autodestrutiva. Apenas concretizou o propósito último da obra, sublinhando o carácter efémero de toda a criação artística num mundo rude, caótico e agressivo.
Eu sei bem o que é isso. Cada palavra que escrevo neste blog, cada post publicado, cada imagem escolhida, obedece a um rigoroso método de trabalho, subordina-se a uma finalidade estética, integra-se num conceito filosófico de vanguarda, no qual cada expressão da minha vivência - desde o mais simples movimento que faço, até ao modo de relacionar-me com os figurantes e actores que me rodeiam - está impregnada de uma opção estética radical absoluta. De que só eu me dou conta. Eu e a empregada de limpeza da Tate Gallery.

3 Comments:

Blogger Sofia Garcia said...

Com isto quererás dizer à semelhança do Maggrite «ceci n'est pas un blog» é apenas uma representação de um blog, não um blog em si mesmo?
Ou que o teu blog é arte povera ?
Ou estás a denunciar a tua verdadeira profissão, um homem - a - dias?
Conta lá, achas os comentários uma interacção abusiva? Altera a estética da coisa?
Serei eu a empregada doméstica?
: /

27 de agosto de 2004 às 17:32  
Blogger ruialme said...

"Uma empregada de limpeza do Palácio de S. Bento, em Lisboa, deitou, por erro [??], para o lixo uma peça que integrava o suporte ideológico do actual Governo"

27 de agosto de 2004 às 19:32  
Blogger Bastet said...

Parabéns miúdo pelo teu aniversário. Olha, não me importava de ser dona da Tate Gallery por duas importantes razões: promover a empregada pelo acto de sinceridade estética e ter a veleidade de te contratar para meu homem a dias.

29 de agosto de 2004 às 23:12  

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