8 de julho de 2004

contra-revolução

Anda um gajo a escrever coisas bonitas sobre os animais, a defender que eles são nossos irmãos na Criação, a ler teólogos estrangeiros (Eugen Drewermann, «Da Imortalidade dos Animais – Uma Esperança às Criaturas que Sofrem»), para fundamentar a extensão da Salvação, da Graça, da Fé e da Ressurreição a esses pedaços de carne móvel, a indignar-se com o desprezo a que são votados os cadáveres dos bichos atropelados, a clicar diariamente nas ajudas on-line para alimentar esses indolentes, a aprofundar o estudo ético e a tentar melhorar a sua moral em relação a essas alimárias, a ser criterioso com a escolha das compras mais banais, para que não compre inadvertidamente produtos que resultem de testes em animais, a reduzir o consumo de carne para não colaborar com o tratamento indigno que sofrem os animais da indústria alimentar, e não é que um destes exemplares, um roedor, resolve sabotar o meu carro revolucionário?
Levo o carro de Sintra a Cascais, regresso a Sintra e gasto nesta viagem mais de metade do depósito do combustível (30 €, pá). Já na reserva, levo o carro à oficina, o perito olha para ele e descobre um tubo roído: um rato (ou um gato, mas recuso-me a admitir essa hipótese) furou um tubo por onde passa a gasolina sem chumbo de 98 octanas para o motor do meu veículo libertário.
Esperem pelas eleições que já vos digo!

1 Comments:

Blogger Josefina said...

Lá diz a cantiga:
"Diabos levem os ratos, que nos roeram os tubos, vai-te embora e vem cá logo, onde passa a gasolina".

8 de julho de 2004 às 23:44  

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