9 de junho de 2004

a memória não se remove assim

Morreu o meu antigo professor Sousa Franco, homem digno, sério, honesto, íntegro e que não se vendia nem se vergava às modas ou aos interesses do momento. Morreu num combate político onde foi alvo da mais ordinária campanha eleitoral que Portugal já viu.
No dizer de outros, ainda na passada semana, Sousa Franco era o «pai, a mãe, o gato e periquito do défice» (Paulo Portas, PP), não passava de «um senhor careca com óculos esquisitos» (João Almeida, PP), ou «um homem sem categoria e não é por lhe faltar alguma coisa em termos físicos» (Ana Manso, PSD). Agora eles mesmos, hipócritas, decidiram cancelar todas as acções que estavam previstas até ao final da campanha, para as eleições do próximo domingo: estão «consternados» com o falecimento deste homem sem carácter, diz o porta-voz do PSD. «É um momento de dor para o país» a morte do periquito careca de óculos esquisitos, diz o porta-voz do PP.
O Acidental, por «lamentar a morte trágica do Professor Sousa Franco e respeitar a sua memória» removeu «todos os textos a ele referentes. Escritos num quadro de combate político, mas sem violar as regras da ética e da boa-educação, os postes deixaram de fazer qualquer sentido neste momento».
A cobardia é uma coisa muito bonita.

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